Você já parou para pensar em como uma roupa ganha forma até chegar às vitrines das lojas ou ao seu guarda-roupa? Por trás da produção de cada peça, existe um trabalho minucioso realizado pelo profissional técnico em modelagem do vestuário.
Também conhecido como modelista, essa profissão é indispensável para um dos setores mais tradicionais e potentes da indústria brasileira: a cadeia têxtil e de confecções.
Ela emprega mais de 1,3 milhão de pessoas formalmente, segundo o último levantamento da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Ao adicionarmos os trabalhos indiretos e o efeito renda, são mais de oito milhões de trabalhadores.
Mas como é o dia a dia dessa profissão? Onde pode atuar? E como se tornar modelista? A resposta para todas essas perguntas você encontra a seguir.
Vamos lá? Boa leitura!
O que é um técnico em modelagem do vestuário?
O técnico em modelagem do vestuário é um profissional que transforma ideias em peças de roupa, através da sua criatividade e precisão técnica. Dessa forma, atua como um elo entre a criação, normalmente feita pelo estilista, e a produção, garantindo que a peça tenha o caimento, o ajuste e a estrutura adequados.
A partir de desenhos, croquis ou fichas técnicas, é responsável por desenvolver moldes e protótipos, realizar ajustes, planejar a gradação dos tamanhos e acompanhar testes de vestibilidade.
No seu dia a dia, exerce funções como:
definir matérias-primas e aviamentos;
construir bases para vestuário feminino e masculino, em tecido plano e malha;
modelagem plana (em 2D), em moulage (3D) e em softwares especializados;
elaborar protótipos e supervisionar peças-piloto;
executar gradação de moldes para diferentes tamanhos.
A sua atuação pode variar conforme o porte e o modelo de negócio da empresa. Em confecções menores, costuma fazer toda a modelagem, já em grandes lojas, como as de departamento, pode trabalhar na análise e no ajuste de peças vindas de fora do país.
O que faz o técnico em modelagem do vestuário?
A formação de técnico em modelagem do vestuário permite que os profissionais da área trabalhem com três técnicas diferentes de modelagem: bidimensional, tridimensional e computadorizada.
Confira o que faz em cada uma delas:
Modelagem plana (bidimensional)
É a técnica básica, feita em 2D, geralmente no papel. Nela, o modelista constrói moldes com base em tabelas de medidas e receitas de modelagem, produzindo desenhos. É ideal para entender estrutura, proporções e formas.
Inicialmente feita de forma manual, a modelagem plana também pode ser digitalizada posteriormente ou desenvolvida diretamente em software digital para seguir com as próximas etapas do fluxo de produção.
Modelagem tridimensional (moulage)
Nesta técnica, o molde é construído diretamente no manequim ou no corpo, usando tecido. É uma abordagem prática e visual, que permite testar volumes, drapeados e estruturas diretamente sobre a forma humana.
Modelagem computadorizada
Aqui, é preciso desenvolver moldes utilizando softwares especializados, como o programa Audaces. A modelagem digital possibilita mais agilidade e facilidade para alterações e ajustes.
Além de criar moldes no ambiente virtual, o modelista também pode fazer a gradação dos tamanhos e o encaixe dos moldes, otimizando o uso do tecido e contribuindo com a sustentabilidade e eficiência da produção.
Mercado de trabalho para técnico em modelagem do vestuário
O setor de confecção é o segundo maior empregador da indústria de transformação no país, atrás apenas do setor alimentício, conforme aponta a Abit. São mais de 25 mil unidades produtivas formais espalhadas por todo o território nacional.
Profissionais técnicos em modelagem do vestuário podem atuar tanto como funcionários em empresas da moda, como em confecções, marcas próprias, fornecedores e varejistas, quanto como autônomos, prestando serviços por projeto ou por coleção.
Em organizações de grande escala, como redes varejistas, é comum que o técnico em modelagem atue conferindo peças já prontas, os chamados produtos acabados, garantindo a vestibilidade e sugerindo ajustes técnicos quando necessário. Em contrapartida, também pode atuar em todo o processo, desde a criação da base até o protótipo final.
Outro destaque é a possibilidade de se especializar em nichos do vestuário. Profissionais modelistas podem focar, por exemplo, na modelagem de moda praia, realizando um curso livre para a produção e planejamento de coleções praianas.
Mas essa não é a única especialização em cursos livres. Também estão entre as possibilidades:
- moda infantil;
- modelagem plus size;
- modelagem de lingerie;
- modelagem de vestuário pet;
- entre outras.
Salário para técnico em modelagem do vestuário
Segundo o Sindicato das Costureiras de São Paulo e Osasco, o piso salarial para modelistas equivale a cerca de 1,5 salário-mínimo. Esse valor, no entanto, tende a representar a faixa de entrada da profissão, especialmente para quem está começando ou ainda atua como assistente de modelagem.
A confecção não consegue ficar sem modelista, e a sua importância pode refletir em salários mais atrativos ao longo da carreira.
Com um bom repertório técnico e criativo, experiência e especialização, também é possível alcançar patamares mais elevados de remuneração, inclusive atuando como freelancer em projetos de alta demanda.
Habilidades e competências do técnico em modelagem do vestuário
O trabalho de técnico em modelagem de vestuário depende de muita precisão, criatividade e inteligência emocional. Afinal, a profissão lida diariamente com grandes criações, expectativas e processos produtivos.
Por isso, é necessário desenvolver habilidades comportamentais como a comunicação. Modelistas trabalham em equipe e devem interagir com diferentes áreas ¿ como costura, pilotagem e produção ¿ de forma colaborativa. Muitas vezes, é responsável por traduzir uma ideia abstrata em um projeto técnico, sinalizando o que é ou não possível fazer.
Também é fundamental ter flexibilidade e iniciativa. Transformar uma criação em molde requer jogo de cintura. O técnico precisa propor soluções viáveis e criativas, mesmo diante de propostas ousadas.
Outra habilidade cada vez mais valorizada é o olhar atento para o mercado. Mesmo que não atue diretamente na criação, o modelista precisa entender tendências, tecidos e estilos.
Muitas vezes, é responsável por antecipar ajustes ou propor soluções com base no que está surgindo no universo da moda.
Um bom exemplo é o upcycling, que propõe o reaproveitamento criativo de materiais e peças já existentes, focando na sustentabilidade.
Também não se pode deixar de lado a ética profissional. O modelista lida com projetos autorais e, muitas vezes, com peças que ainda nem foram lançadas. O sigilo é fundamental, especialmente em empresas que trabalham com coleções exclusivas.
Não podemos deixar de citar as competências técnicas necessárias para trabalhar nesse universo:
- precisão nos traços e medidas: o trabalho é milimétrico e exige atenção aos detalhes;
- boa noção de geometria e cálculo: apesar de ser uma área criativa, a modelagem exige domínio de proporções e escalas;
- organização: lidar com moldes, recortes e ajustes requer método e controle sobre todas as etapas;
- familiaridade com diferentes tipos de tecidos: cada um exige técnicas distintas;
- domínio de ferramentas manuais e digitais: desde réguas até softwares usados para modelagem computadorizada e encaixe de peças.
Como se tornar técnico em modelagem do vestuário?
Para atuar como modelista, é necessário concluir um curso técnico reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC). Essa formação prepara o profissional para dominar todas as etapas da criação de moldes, desde a pesquisa de tendências até a produção da peça-piloto.
Ao longo dessa jornada, estudantes do curso desenvolvem competências como:
- desenvolvimento de bases e peças para diferentes públicos;
- costura e acabamento em tecidos planos e malhas;
- gradação (ampliação e redução de moldes);
- interpretação de fichas técnicas e cálculo de materiais.
No Senac São Paulo, a formação proporciona a vivência completa do processo produtivo. Nele, estudantes têm acesso a laboratórios de informática e modelagem, utilizam máquinas de costura e participam de visitas técnicas em empresas do setor.
Um dos grandes diferenciais do curso é integrar o futuro modelista a todo universo da criação. Em vez de trabalhar isoladamente, como ainda acontece em muitas empresas, ensina-se desde o planejamento até o desenvolvimento de produtos. Tudo isso amplia sua visão e capacita estudantes a atuar de maneira mais colaborativa com outras equipes.
Quer iniciar uma carreira na área da moda? Não perca tempo e inscreva-se no curso técnico em modelagem do vestuário do Senac São Paulo!
BARRA DE PROGRESSO - FINAL DO CONTEÚDO