Na mesa de abertura do 4º Fórum Internacional Senac de Educadores, o papel da escola no fortalecimento de uma sociedade cidadã foi debatido com profundidade.
Profissionais com atuações relevantes em seus segmentos compartilharam visões sobre o tema e como enfrentar o desafio de construir uma sociedade livre, plural, ética e equânime, que respeita e aplica os direitos humanos em todas as esferas.
Participaram do debate:
- Renato Janine Ribeiro, professor de filosofia, cientista político e presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência;
- Ricardo Henriques, superintendente executivo do Instituto Unibanco e presidente do Conselho de Administração da Anistia Internacional Brasil;
- Vinícius Carvalho Pinheiro, economista, mestre em Ciências Políticas e diretor do Escritório OIT Brasil (Organização Internacional do Trabalho);
- Lucila Mara Sbrana Sciotti, doutora em Educação e superintendente de Operações do Senac São Paulo.
Continue a leitura e confira tudo o que foi discutido no primeiro dia de fórum!
Educação como direito e educar para os direitos humanos
Renato Janine Ribeiro abriu a mesa de debates do primeiro dia do Fórum dando ênfase ao conceito e à importância da democracia. Lembrou o ponto de partida para a formação da constituição brasileira e como ela é permeada pelos direitos humanos.
Ao trazer a análise para o âmbito da educação, considerada por ele a ferramenta de socialização mais eficaz já inventada, Janine defendeu inserir já na infância noções de direitos humanos. Para ele, os valores da cidadania precisam estar na base de formação de qualquer pessoa.
Falou também como são valiosas as vivências quando se é criança e que, somadas ao convívio em grupo, fortalecem a ideia de cooperação e coletividade. Para ele, são exercícios que ajudam a compreender o significado de igualdade e respeito às diferenças.
Educação profissional para compreender o valor do trabalho
Vinicius Pinheiro apresentou contrapontos entre o que se tem hoje no país na esfera trabalhista e qual realidade deveríamos estar vivendo.
Afirmou que nossa constituição protege a infância e criminaliza condições de trabalho que contrariem seus artigos, mas somente a existência de leis não livra a sociedade dessas práticas. Por isso, a vigilância e as ações de combate devem ser permanentes.
Falou como as transformações digitais já impactam nas relações de trabalho e que o sistema educacional deve estar preparado para essa nova realidade.
Desafios para projetar o futuro
Ricardo Henriques fez sua primeira intervenção citando o que escreveu Hannah Arendt em A Crise na Educação. Na obra, ela fala sobre a ineficácia de olhar o repertório do passado como modo de conceber o futuro.
Ele destacou as várias crises que enfrentamos atualmente, como racismo, desigualdade social e emergência climática. Disse que devemos enxergar o contemporâneo com uma lente de aumento para saber solucionar tantos problemas, e que as atitudes de mudança devem partir dos poderes, das instituições, das corporações e das sociedades.
Ricardo reforçou que é na educação que vamos encontrar o caminho para construir um mundo de fato democrático, comprometido com a preservação da vida em todas as esferas e orientado pelos princípios de humanidade.
E que as transformações tecnológicas exigem tanto uma reconfiguração do mundo do trabalho como elevar a régua da educação de forma igualitária.
"A gente quer chegar num lugar bom"
A reflexão inicial que Lucila Sciotti propôs foi sobre o momento emblemático de transição que vivemos como seres humanos em meio a tantos desafios. De acordo com a superintendente de Operações do Senac São Paulo, é necessário encontrarmos meios de sair da esfera do discurso e atuar de fato na solução dos problemas.
Segundo Sciotti, há necessidade de fazermos repactuações, porque estamos perdendo de vista princípios como exigir que o ensino básico tenha a qualidade necessária para o início de uma formação cidadã. E que o ambiente escolar é espaço para essa construção, com orientações sobre o que é viver em sociedade, com todos os deveres e direitos que isso implica.
Para ela, embora as circunstâncias sejam difíceis, é possível prosseguir. E fazermos também o resgaste de saberes e memórias, para atingirmos os níveis de dignidade e respeito social que esperamos.
Fórum Internacional Senac de Educadores
Com edições anuais, o evento é um convite para educadores participarem de debates e rodas de conversa temáticas para refletir sobre o universo da educação.
E aí, gostou de saber um pouco mais sobre o primeiro dia do 4º Fórum Internacional Senac de Educadores? Clique neste link e assista a conversa na íntegra!
BARRA DE PROGRESSO - FINAL DO CONTEÚDO