Imagine uma cidade sustentável, humana, inclusiva, arborizada e sem enchentes, onde as pessoas vivessem com qualidade e com seus direitos básicos garantidos.
Chegar nesse perfil de cidade faz parte da Agenda 2030, uma ação global da Organização das Nações Unidas (ONU) para tornar as cidades e assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.
Mas esse é apenas o 11º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), dos 17 firmados por 193 países, em 2015. O objetivo da ação é promover o desenvolvimento sustentável e erradicar a pobreza.
E para fortalecer esse debate, especialistas de diversas áreas do conhecimento se reuniram para o 2º Fórum Senac de Sustentabilidade, realizado em novembro de 2023.
Durante dois dias, cinco painéis foram apresentados para compartilhar ideias sobre como integrar pessoas, meio ambiente e negócios no mesmo território sob a perspectiva da educação. Confira alguns temas debatidos:
- emergências climáticas;
- sustentabilidade das organizações;
- racismo ambiental;
- o papel dos agentes públicos e sociais.
Todos os encontros foram transmitidos ao vivo pelo canal do Senac São Paulo no Youtube. Continue a leitura e acompanhe os destaques do evento!
2º Fórum Senac de Sustentabilidade
Painel 1 - Emergências climáticas: ações de enfrentamento
Participaram do painel: Andréia Coutinho Louback, jornalista; Jerá Guarani: pedagoga e liderança Guarani; Patrícia Iglecias: professora nos cursos do Procam (Programa de Ciência Ambiental da USP) e Rafael Tello: diretor de sustentabilidade do grupo Ambipar (empresa especializada em gerenciamento de crises e atendimento a emergências ambientais)
A mediação foi realizada por Silene Bueno de Godoy Purificação, doutora em Saúde Pública, coodenadora e professora dos cursos de pós-graduação no Senac Jabaquara e consultora no desenvolvimento de cursos e projetos na área ambiental no Senac São Paulo.
No debate, ficou evidente a importância de repensar a cidade como um compromisso coletivo, inclusive das empresas, que devem cumprir itens da Agenda 2030, como:
- contratação de 50% de mulheres e pessoas negras para cargos de liderança;
- garantia de eficiência no uso de água;
- redução de emissões de gás de efeito estufa;
- entre outras ações que conectam a sustentabilidade ao modelo de negócio.
Segundo os palestrantes, a ocupação desigual da cidade é outro exemplo do que precisa mudar com urgência. Atualmente, as enchentes, os deslizamentos e alagamentos prejudicam muito mais quem vive longe dos centros urbanos.
As populações que moram na periferia estão mais vulneráveis aos eventos climáticos, o que evidencia cada vez mais as injustiças socioambientais. Foram apontadas soluções imediatas e pontuais, como o plantio de árvores e a regeneração de ecossistemas degradáveis para o combate à crise climática.
A representante dos povos indígenas, Jerá Guarani, defendeu essa atitude e reforçou que preservar os recursos naturais é uma questão de sabedoria.
Painel 2 - Cidades inteligentes, humanas e impacto social
Participaram do painel: Débora Olivato: pesquisadora do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia; e Reynaldo Mello Neto: analista sênior de mobilidade ativa da WRI Brasil;
Neste encontro, a mediação ficou por conta de Jair Gustavo Torres, doutor em Engenharia atuante nas áreas de empreendedorismo, sustentabilidade e inovação em projetos de educação para empresas nacionais e multinacionais pelo Senac São Paulo.
No segundo painel, os especialistas de duas instituições debateram soluções sustentáveis dirigidas às cidades. Além disso, também apresentaram iniciativas já implantadas e bem-sucedidas em municípios do Brasil.
A pesquisadora do Cemaden, Débora Olivato, apresentou o trabalho do órgão, que atua na prevenção de desastres como: inundações, deslizamentos de terra e enchentes em territórios brasileiros.
De acordo com Débora, o Cemaden faz isso por meio de pesquisa, monitoramento e sistema de alertas em funcionamento 24 horas por dia. O trabalho acontece em parceria com a Defesa Civil e o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Débora também apontou que ações sustentáveis realizadas no cotidiano das pessoas fazem toda a diferença para evitar desastres, a preservação de recursos naturais foi um dos exemplos citados.
E para começar desde cedo a conscientização dos riscos que o Brasil corre com a crise climática, foi criado o Programa Cemaden Educação, uma atuação direcionada para escolas e comunidades.
A WRI Brasil, uma organização global responsável por desenvolver estudos e implementação de soluções para o meio ambiente, também marcou presença no painel.
A apresentação teve foco nas ações da instituição para a proteção e restauração da natureza, no equilíbrio climático e na resiliência das comunidades. Reynaldo Mello Neto, analista sênior de mobilidade ativa da instituição, explicou que essas soluções atendem a três programas:
- clima;
- florestas;
- cidades.
O trabalho da WRI é realizado em parceria com a sociedade civil, instituições de ensino, órgãos públicos e empresas para obter resultados positivos.
E as parcerias já trazem soluções na redução do impacto na emissão de gás de efeito estufa para alguns setores:
- atividade industrial: cadeias de produção limpas e recursos renováveis;
- agricultura e pecuária: produção ecológica sustentável, incentivo à agroflorestas e utilização das vocações locais;
- resíduos: projetos de reciclagem;
- energia hídrica: energia renovável e edificações com energia alternativa (considerando a falta de acesso de serviço de energia);
- transporte público: eletrificação da frota, uso de energia limpa.
Para Reynaldo, é necessária uma mudança no modelo atual de desenvolvimento das cidades brasileiras, reforçando mais esse compromisso da WRI com o cenário social.
Painel 3 - Inovação e sustentabilidade nas organizações
Participaram do painel: André Carvalhal, designer de sustentabilidade; e Flavia Mendes, proprietária da FC Mendes Treinamento Empresarial.
No terceiro painel, a mediação foi realizada por Paula Batich, doutora em Saúde Global e Sustentabilidade, coordenadora e professora de Pós-Graduação no Senac Jabaquara, consultora e educadora ESG com experiência de 18 anos no mercado.
E como fica a relação das pessoas com a sustentabilidade nas organizações? Essa questão foi abordada no terceiro painel do Fórum.
Segundo a dupla de especialistas participantes, tanto a inovação como a sustentabilidade dependem, essencialmente, da coletividade. Além disso, destacaram que a relação das pessoas com a sustentabilidade exige o esforço de inovação contínua.
Durante a conversa, também explicaram que a estratégia de engajamento nas organizações precisou mudar, passando a comunicar a sustentabilidade de uma maneira diferente.
Para os palestrantes, o mundo insustentável em que vivemos atualmente desconecta as pessoas de si mesmas, dos outros e da natureza. E o resultado disso pode ser notado nos altos índices de estresse, consumo excessivo e alimentação desequilibrada, entre outros problemas sociais.
Os temas citados afetam diretamente quem trabalha nas empresas. Portanto, a dupla afirma que é a partir dessa realidade que se dialoga com as equipes das organizações.
Considerando esse novo jeito de abordar a sustentabilidade pela comunicação, André Carvalhal mostrou algumas habilidades para quem tem o interesse em atuar com sustentabilidade corporativa, e a empatia foi o grande destaque.
Mas não parou por aí, o convidado também apontou outras competências necessárias para exercer a função de comunicador na área.
Painel 4 - A educação como pilar para o desenvolvimento de cidades inteligentes, humanas e sustentáveis
Participaram no painel: Eduardo Trani, arquiteto e urbanista; Monique Prado, advogada e comunicadora; Roberto Galassi, facilitador de processos, responsabilidade social corporativa, projetos sociais e gestão para sustentabilidade; e Sbrana superintendente de operações do Senac São Paulo.
No 2º dia do Fórum Senac de Sustentabilidade, os painéis deixaram evidente que a construção da cidade do futuro requer um esforço coletivo. Silene Bueno de Godoy retornou para a mediação deste painel, representando o Senac São Paulo.
Os debates reforçaram que os setores públicos e privados, universidades, movimentos sociais e a sociedade civil já começaram a se mobilizar para encontrar soluções equitativas e criar espaços mais sustentáveis. O próprio Fórum foi citado como um exemplo disso.
Nos encontros sobre essa busca, a educação surge como um elemento crucial para formar gerações críticas e conscientes, capazes de exigir e contribuir para uma cidade mais inteligente e sustentável.
Especialistas afirmaram que profissionais e líderes com uma formação crítica, afetiva e humana poderão fazer a diferença em diversos setores, entre eles:
- nas empresas, com o desenvolvimento de modelos de negócios mais sustentáveis;
- no setor público, com o planejamento de espaços urbanos com áreas verdes;
- na sociedade, atuando na proteção da natureza.
A superintendente de operações do Senac São Paulo, Lucila Mara Sbrana Sciotti, reforçou que a educação é primordial para a sociedade e suas bases precisam possibilitar pensamentos que alcancem uma cidade mais justa, sustentável e harmoniosa.
Painel 5 - Racismo ambiental e seus impactos: climático, social e educacional
Participaram no painel: Amanda Costa, ativista climática e embaixadora da ONU; Kananda Eller, CEO e fundadora da Deusa Cientista; Gabriela Alves, representante da Inovação Social na EDP (Energias do Brasil); Marcelo Rocha, ativista em educação, negritude e mudanças climáticas.
No último painel do evento, a mediação foi realizada por Claudia Comaru, doutora em Psicologia Clínica, docente da pós-graduação no Senac São Paulo, onde atua nas áreas de Ergonomia e Engenharia de Segurança do trabalho.
O 5º painel reforçou mais ainda o debate da desigualdade na agenda ambiental. Composto somente por ativistas climáticos, os palestrantes mostraram como grande parte da sociedade nega e desvaloriza o que vem da periferia.
Os convidados defenderam que é possível gerar riqueza a partir do território periférico, onde ainda há natureza. Deixando claro que a ascensão econômica não depende, necessariamente, do deslocamento das pessoas da periferia para o centro, destacando a importância do trabalho em seus próprios territórios.
Para exemplificar o tamanho do problema, apresentaram o Sistema de Participação Social, espaço onde a sociedade civil opina sobre políticas públicas. Mas as pessoas opinam apenas em teoria, pois, na prática, quem não possui CEP residencial é desconsiderado no sistema.
Segundo Amanda Costa, embaixadora da ONU, em 2022 havia um milhão de pessoas morando nessas condições. Para ela, o grande problema é que toda essa comunidade vive na invisibilidade.
Sustentabilidade no presente
Após dois dias com muitas discussões importantes sobre o presente e o futuro, os especialistas do 2º Fórum concluíram que os desafios são muitos e que ações deste tipo precisam continuar.
E, para isso, deixaram claro que os avanços necessários dependem muito dos saberes informais e, claro, da educação, para idealizar uma cidade do futuro, capaz de atender igualmente toda a sociedade com a participação coletiva.
Se você se interessou pelos temas e deseja acompanhar algum dos painéis na íntegra, acesse a playlist do 2º Fórum Senac de Sustentabilidade e assista!
Inscreva-se no 3º Fórum Senac de Sustentabilidade
Vem aí o 3º Fórum Senac de Sustentabilidade! Este ano, o tema central será a promoção do desenvolvimento social e econômico sem deixar a preservação do meio ambiente de lado.
O evento é gratuito e acontecerá nos dias 6 e 7 de novembro de 2024. Como aconteceu em 2023, a edição deste ano contará com cinco painéis transmitidos ao vivo pelo canal do Senac São Paulo no YouTube.
As inscrições para os painéis já estão abertas. Conheça a programação completa, escolha os temas do seu interesse e inscreva-se!
BARRA DE PROGRESSO - FINAL DO CONTEÚDO