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22/11/2016 11h56min
Criaturas tridimensionais: cultura maker no universo do RPG e boardgames
No Role Playing Game (RPG – jogo de interpretação de personagem), o jogador é responsável por criar heróis, vilões e desenvolver criaturas que são limitadas apenas pela imaginação. Lápis e papel bastam para garantir horas de diversão, que pode ganhar complexidade à medida em que são inseridos mapas, matrizes de movimentação e miniaturas.
Há não muito tempo, os jogadores estavam restritos às figuras desenvolvidas pelas empresas licenciadas ou por artesãos, em um processo caro e demorado. Moldar, esculpir e pintar os seres fantásticos era um trabalho para poucos, o que dificultava o acesso e nem sempre garantia fidelidade ao personagem desejado.
Por conta da popularização da cultura maker, os analógicos jogos de mesa têm encontrado apoio em técnicas digitais – como a impressão 3D. “Aprender a modelagem 3D beneficia qualquer pessoa, não apenas profissionais da área de computação gráfica”, afirma Ricardo Gonçalves, docente do Senac Penha.
“Alguém com conhecimentos de anatomia, por exemplo, pode se especializar em produzir próteses acessíveis. A indústria automobilística tem usado a técnica para elaborar e testar protótipos. Designers fabricam itens de decoração, como luminárias e utilidades domésticas. São muitas as possibilidades”, ele explica.
Como funciona?
Um fiozinho azul, meio quebradiço, sai de uma embalagem que mais parece o equipamento de um filme de ficção científica. Esse fiozinho – ou filamento – atua como a tinta da impressora 3D. Derretido a 210ºC, é a sua espessura que determina a qualidade da impressão. “Quanto mais fino, melhor a qualidade. E mais demorada a impressão”, ensina o docente.
Ricardo é o responsável pela modelagem e impressão do icônico personagem do vídeo acima, cujos 2,5cm de altura demoraram cerca de 1 hora de trabalho da impressora, usando o filamento PLA a 1mm de espessura. O material é um termoplástico feito com matéria-prima oriunda de fontes renováveis (como o milho), por isso é biodegradável e atóxico.
Ele divide a popularidade com o ABS, filamento de plástico comum, derivado do petróleo. Assim como o PLA, o ABS é encontrado em diversas cores e pode ser reciclado. Mas, de acordo com Ricardo, é possível usar diversos materiais para a impressão 3D, da cerâmica a ligas metálicas.
Custo não é um problema
Apesar de exigirem um equipamento mais complexo – as impressoras domésticas costumam aceitar apenas os filamentos plásticos – o conhecimento necessário para operar uma impressora de nível profissional é praticamente o mesmo.
Softwares como Maya, 3DS Max e Autocad permitem a modelagem de personagens e peças, mas, com as impressoras comuns custando, em média, R$ 4 mil (as mais complexas podem chegar a custar R$ 1 milhão), surgem questionamentos se a impressão 3D não seria um hobby para poucos.
“A parte financeira pode assustar um pouco, mas não é necessário possuir uma impressora para produzir”, acalma Ricardo. Existem impressoras 3D disponibilizadas em fab labs (ou laboratórios de fabricação) em várias cidades do país – a maioria de uso gratuito.
Ricardo diz ainda que a influência da cultura maker nesse mercado também é sentida na disponibilização de modelos já prontos. Como a troca de experiências e colaboração é característica dessa cultura, eles são facilmente encontrados gratuitamente ou a baixo custo na internet.
“Mas, ao baixar alguma coisa da internet apenas para a impressão, o produto não vai ter a sua cara. Saber modificar esse modelo – ou criar seu próprio – garante essa personalização” orienta o docente, ensinando que, após a impressão do modelo, ele pode ser lixado e pintado para uma customização ainda maior. “A dica é usar filamentos de cores mais claras”, orienta.
Se interessou em produzir suas próprias miniaturas? Faça o curso Técnico em Computação Gráfica, ou se especialize em algum software como o 3DS Max, Maya ou Autocad. Se você já tem noções de modelagem, conheça o Workshop: Preparando Modelo para Impressão 3D.
Saiba também onde encontrar um fab lab perto de você.
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